terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

"Sol Nascente: da cultura republicana e anarquista ao neo-realismo"


Já aqui falámos deste livro.
Agora, Luis Crespo de Andrade e Paulo Sucena vão apresentá-lo no dia 28, às 18:30 horas, na Livraria Círculo das Letras.
Apareça!

in memoriam - Joaquim Pinto de Andrade (1926/2008)

Ontem, ao fim do dia telefonaram-me: "Morreu o Joaquim." Morreu Joaquim Pinto de Andrade. No meio da crónica. Da sua crónica. Vão dizer: ele era angolano. E era-o. Ninguém conheci, dos pais da nacionalidade angolana, que pudesse dizer o mesmo que ele: não feri o meu país. Ele foi a coragem serena que lhe valeu prisões durante a Angola colonial, ele foi a fraternidade angolana quando o país se dilacerou em guerras civis, ele foi a honestidade quando Angola se ofuscou de falsa riqueza. Ele foi o angolano perfeito em tempos terríveis. E eu sei porquê: ele era um meteco. Um cidadão do mundo.

Eu era um adolescente e o Joaquim Pinto de Andrade era um padre exilado, colocado sob vigilância em Vila Nova de Gaia. No Verão, o pobre diabo da PIDE, de fato escuro, seguia-nos até aos areais da praia e tentava ouvir-nos as conversas. O Joaquim falava de Camilo ou de Ramalho, dos "portugueses de língua tersa", que ele aprendera quando era menino em Ambaca. O português PIDE perceberia a admiração daquele "terrorista" (então, presidente de honra do MPLA) por escritores portugueses? O Joaquim falava de Roma, onde estudara, e encarreirava-me para escritores de liberdade: Ignazio Silone, Italo Calvino. Falava-me de Paris, onde estivera no primeiro congresso de escritores e artistas africanos (com o seu irmão Mário) e metia, no meio da conversa, a necessidade de ouvir Brel.

Há quase 40 anos, em Setembro de 1969, eu saí de Portugal com uma carta de Joaquim Pinto de Andrade no bolso. Isso, escondido. Nos olhos eu levava a vontade de ver que o homem a quem mais devo me emprestou.


Texto do jornalista Ferreira Fernandes do Diário de Notícias

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Autor italiano publica banda desenhada sobre a sede da PIDE


Acaba de ser editada em Itália, pela editora BeccoGiallo, uma banda desenhada cuja história roda à volta de um lugar tristemente famoso de Lisboa, a ex-sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso em Lisboa, revelou ao JN o seu autor, o italiano Giorgio Fratini.

Nascido a 23 de Novembro de 1976, é arquitecto, licenciado pela Faculdade de Arquitectura de Florença e esteve em Portugal pela primeira vez em 2000, para estudar Arquitectura ao abrigo do programa Erasmus.

A Lisboa voltou várias vezes e dessas estadias nasceu Sonno elefante - I muri hano orecchie, cujo título, diz, é uma metáfora sobre a perda da memória de um lugar, de um pedaço da história. Algo como o sono da memória, acrescenta Fratini, cujo traço a preto e branco, matizado de cinzentos, em que se destaca o tratamento realista dado aos edifícios, que contrasta com o tom semicaricatural das personagens, e a agradável e multifacetada composição das páginas, não deixam adivinhar tratar-se da sua primeira obra.

O ponto de partida para a história foi a descoberta de que a antiga sede da PIDE iria ser remodelada, dando lugar a um conjunto de apartamentos de luxo e lojas. Nada de especial, a acreditar nas palavras de uma personagem, logo nas primeiras páginas do livro E então? Um dia, há uma coisa, depois outra; é normal, não é?

A história, resume o autor, está ambientada poucos anos antes da Revolução dos Cravos e segue os destinos de Zé, Marisa, Leon, Maria e Afonso, ligados àquele palácio nefasto, como aconteceu a milhares de cidadãos portugueses comuns.
Entre eles há quem se oponha, quem traia, quem colabore, quem se anule e quem morra. E um deles, muitos anos depois, volta àquele lugar trazendo consigo o que considera impossível cancelar a própria história. E recorda o terrível passado do edifício, as crueldades que tiveram lugar dentro daquelas paredes, os gritos e lágrimas sufocados naqueles quartos, lutando, à sua maneira, contra a destruição da memória de todas as vidas ali perdidas na luta pela liberdade, conclui o editor, Federico Zaghis.

Uma história narrada ao longo de pouco mais de uma centena de pranchas, inspirada parcialmente em factos reais, trabalhados pela minha imaginação, para a qual Giorgio Fratini, para além da Internet, teve de fazer pesquisas no Arquivo da PIDE, na Torre do Tombo, e no Centro de Documentação 25 Abril da Universidade de Coimbra, bem como no arquivo fotográfico em linha da Câmara Municipal de Lisboa, fundamental para a iconografia dos anos 70 em que decorre boa parte de Sonno elefante, para já sem edição prevista no nosso país, embora haja alguns contactos com editoras portuguesas, revela o autor.
Fonte: Jornal de Notícias

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Homenagem a Alexandre Castanheira


Alexandre Castanheira nasceu em 1928. Licenciou-se em Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa e em Literatura Moderna na Universidade de Paris VIII. Perseguido pela PIDE, devido às suas actividades políticas, partiu para o exílio em França, onde casou com Madeleine Nennig, uma jovem comunista francesa que o acompanhou na clandestinidade. Ao longo da sua vida esteve sempre ligado ao Partido Comunista Português. Exerceu as funções de deputado municipal em Almada e de presidente da Assembleia da Freguesia do Laranjeiro. Actualmente é professor efectivo do Instituto Piaget e elemento activo do movimento associativo popular, exercendo cargos nos corpos sociais de várias colectividades.



Tempo Meu, livro de poemas de Alexandre Castanheira, vai ser lançado no próximo dia 28 no Salão da Incrível Almadense às 21:30 h, dia em que o poeta faz 80 anos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

15º Plenário do Movimento/Assembleia Constitutiva da Associação

Vimos por este meio recordar que o próximo Plenário está marcado para as 15.00H do dia 23 de Fevereiro de 2008 (Sábado), na Associação 25 de Abril, em Lisboa.

Com base nos contributos recebidos, seja pela Lista TODOS, seja por ocasião do Plenário intercalar ocorrido a 19 de Janeiro passado, a Comissão Promotora elaborou as versões dos projectos de estatutos e de regulamento geral que serão divulgados na Lista TODOS e que serão propostos para aprovação pela Assembleia Geral Constitutiva.

Uma vez aprovados estes projectos, o acto eleitoral para a constituição dos corpos sociais da futura associação deverá ocorrer até 31 de Março de 2008.

Alertamos para a possibilidade dos projectos de estatutos e de regulamento geral poderem ser objecto de propostas de alteração pela Lista TODOS e por ocasião da realização desta Assembleia Geral Constitutiva desde que apresentadas por escrito à Mesa da referida Assembleia.


Ordem de Trabalhos:

1. Aprovação, pelo Plenário, da Acta do 14º Plenário;
2. Assembleia Constitutiva
2.1 -Ponto prévio: aprovação da Mesa;
2.2-Informações da Comissão Promotora do processo de trabalho realizado até à data;
2.3- Apresentação, discussão e aprovação dos Estatutos;
2.4- Apresentação, discussão e aprovação do Regulamento Geral;
2.5- Eleição da Comissão Instaladora responsável pela realização de todos os actos legais até à escritura notarial, inclusivé.

APELAMOS À PARTICIPAÇÃO, DISCUSSÃO E COLABORAÇÃO DE TODOS

23 de Fevereiro de 2008 (Sábado), pelas 15.00h, na Associação 25 de Abril

A mesa do Plenário
18.02.08

Podem consultar aqui os documentos em discussão:

Estatutos
Regulamento Geral

sábado, 16 de fevereiro de 2008

José Afonso - "O canto de Intervenção no Mundo e em Portugal"


José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica.

O núcleo do Norte da Associação José Afonso e o Clube Literário do Porto organizam o espectáculo O canto de Intervenção no Mundo e em Portugal que se realizará dia 23 de Fevereiro, pelas 21h 30m, nas instalações do Clube Literário do Porto.

Aristides de Sousa Mendes


Já está online o Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Professor Mário Augusto da Silva, fundador do Museu Nacional da Ciência e da Técnica

(Foto de Eduardo Gageiro)
Texto enviado por João Paulo Nobre (Coimbra)

Mário Augusto da Silva (1901-1977), como homem de Ciência, viu a sua carreira de docente e de investigador ser-lhe negada muito cedo. Preso e expulso da Universidade (1947), foi uma referência para várias gerações coimbrãs, na luta pelos ideais da democracia e na resistência contra o regime do Estado Novo.

Esquecido pelos da sua geração, ignorado pelas gerações mais jovens, a sua vida é uma referência cultural ímpar e um exemplo, pela defesa dos valores da liberdade, da democracia, mas, sobretudo, pelo conhecimento, pela Ciência, pura e aplicada...

Impedido de prosseguir no Instituto do Rádio de Paris (1925-1930), onde foi assistente de Madame Curie, após o seu doutoramento em 1929, regressou a Coimbra, onde, apesar de tudo, vítima de uma perseguição mesquinha e inexplicável que impediu a realização de obras que teriam mudado, desde logo, o rumo da investigação e do ensino e da Física em Portugal, fundou o Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT), iniciativa que, não sendo inédita na nossa História, foi a primeira do género no Portugal do Século XX.

Museu Nacional que entrou em agonia em 1977, após a morte do seu fundador.

Museu Nacional que foi abandonado por todos. O Estado Português e, principalmente, Coimbra, a sua Câmara e a sua Universidade, viraram-lhe sempre as costas.

Museu Nacional que, para o diminuirem e fecharem posteriormente, em 2002, lhe chamaram, desrespeitosamente, de Doutor Mário Silva. Até se esqueceram, ou talvez não, que Mário Silva foi Professor Catedrático de Física.

Museu Nacional que, em forma de homenagem, precisamente em 2005, no ANO INTERNACIONAL DA FÍSICA, foi enterrado por Decreto-Lei.

Museu Nacional que possui um rico e variado espólio. Que será feito dele?

Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT) ou Museu da Vergonha Nacional?

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Ias Jornadas Hispano-Portuguesas "Memória e Resistência" - 16 e 17 de Fevereiro de 2008


Durante séculos, Espanha e Portugal viveram ignorando-se em cada lado da fronteira. Os interesses dos poderosos dividiram artificialmente os dois povos irmãos que compartilham uma cultura e sentimentos comuns.

Contudo, as ditaduras que os dois países sofreram provocaram uma corrente de solidariedade entre eles. Espanhóis e portugueses ajudaram-se mutuamente na luta contra as tiranias fascistas de Franco e Salazar e não foram poucos os opositores dos respectivos regimes que encontraram refúgio no outro lado da fronteira. Foi o caso de João Gonçalves Carrasco, da aldeia alentejana de Santana de Cambas que, apesar da sua extrema pobreza, socorreu muitos espanhóis que fugiam da repressão franquista. Ou o de Juan Rosa, de El Almendro, em Huelva, que acolheu refugiados portugueses que lutavam contra o regime salazarista.

Para honrar a memória destes homens e de todos os que sofreram nas duas ditaduras, o Foro por la Memoria de Huelva e a Cooperativa Cultural Alentejana organizam estas Ias Jornadas Hispano-portuguesas "Memória e Resistência".

Programa

Sábado, dia 16 de Fevereiro de 2008

10h00 – Abertura: Fernanda Moral (Federación Foros Por La Memoria), Francisco Santos (Presidente da Câmara Municipal de Beja), Félix Ramos (Pres. Foros Por La Memoria), Álvaro Nobre (Presidente da Cooperativa Cultural Alentejana)

10h30m – Os Fascismos em Portugal e Espanha e Sua Herança: Miguel Urbano Rodrigues (escritor)

12h00 – O Norte de África no Início da Guerra Civil em Espanha: Francisco Sánchez Montoya (Premio Nacional Manuel Azaña de Investigación Historica)

15h30m – Apresentação da Exposição "A II República, Esperança de um Povo": Santiago Vega (Presidente Foro Por La Memoria de Segóvia)

16h30m – Projecção do Documentário "Os Cinco de Celorio", sobre exumação em valas comuns

17h30m – Debate: A Memória Histórica em Espanha e Portugal e a Luta Contra a Impunidade dos Crimes Franquistas: Miguel Muga (Presidente do Foro Por La Memoria Madrid), José Baguinho (Cooperativa Cultural Alentejana), Carlos Federico Castellanos (Foro Por La Memoria Andalucía), João Honrado (publicista)

23h00 – Bar Cais na Planície (Parque da Cidade de Beja) – Espectáculo Músicas de Abril, com Filipe Narciso (entrada livre)

Domingo, dia 17 de Fevereiro de 2008

10h30m – A Repressão dos Vencedores. Os Batalhões de Trabalhadores (1939-1945): José Manuel Algarbani (licenciado em História Contemporânea, professor da Universidade de Cádiz)

12h00 – Participação de Portugueses na Guerra Civil de Espanha: João Varela Gomes (coronel reformado)

13h30m – Em Baleizão: Homenagem às Mulheres e Homens Assassinados pela Defesa da II República Espanhola e da Liberdade em Portugal

Após o almoço (hora a combinar) - Em Santana de Cambas: Homenagem às Mulheres e Homens Assassinados pela Defesa da II República Espanhola e da Liberdade em Portugal

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

3 de Fevereiro de 1927

Foto "tirada" do Terra Viva

A 3 de Fevereiro de 1927, no Porto, verificou-se o primeiro levantamento armado popular e militar contra a ditadura do Estado Novo.

Para comemorar esta data, o Terra Viva organiza um conjunto de iniciativas que contam com o apoio do núcleo do Porto do Não Apaguem a Memória!.

Veja aqui o programa e participe.